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Perennials – Chegamos para ficar

Ao longo da história, são comuns os relatos que definem as gerações nascidas em determinada época. Nessa perspectiva, pode-se listar com certo grau de precisão os preceitos, hábitos e costumes prevalentes entre indivíduos nascidos em determinado espaço de tempo.

A catalogação das informações é um dos instrumentos pelo qual os estudiosos estruturam e classificam os modos de agir e pensar de determinado grupo. Dados como o levantamento das invenções tecnológicas, as expressões artísticas e culturais, assim como os padrões de pensamento e hábitos de vida ajudam a organizar e definir as gerações.

Um exemplo disso é a análise dos hábitos e costumes da chamada geração Y ou millenials. Esse grupo de indivíduos nasceu entre 1982 e 2000, de forma que vivenciaram desde muito cedo a explosão tecnológica que marcou essa época, com acesso abundante a aparelhos celulares e internet, com todas as suas facilidades. São considerados assertivos, flexíveis e criativos.

Ate que ponto, de fato, a época em que uma pessoa nasceu pode definir ou explicar suas tendencias e comportamentos é um preceito que parece não ter uma explicação convincente.
Gina Pell, em 2016 criou o conceito perenialls – que em livre tradução do inglês significa perene, para se referir a uma parcela da população que se caracteriza por ter hábitos e costumes de diferentes idades, não podendo, portanto, ser caracterizada através de estereótipos regulados pela correspondência com a época em que nasceram.

Em seu artigo Meet the Perennials – Because age ain’t nothin’ a number (Conheça os Perennials – Porque idade não é nada além de um número) em livre tradução do inglês. Segundo a publicitária, o termo foi escolhido por ter conexão com a ideia de durabilidade, recorrência e florescimento.

Uma grande presença entre os perennials são as mulheres, em especial as com mais de 40 anos. Nessa faixa etária, a maioria delas já conquistou sua independência de ideias e hábitos e estão dispostas a lutar por eles, ainda que remem na direção contraria das convenções familiares e sociais. Gozam de segurança e liberdade de expressão, além da disposição em serem fieis aos seus pensamentos.

O movimento perennials vem de encontro a um anseio da mente que, quando estimulada, não envelhece. A adaptabilidade é um dos seus pilares. A construção de uma identidade social flexível e atemporal, além da legitimação do seu lugar no mundo são bandeiras importantes.

Afinal, sempre é tempo de crescer, e as limitações podem e devem ser questionadas. Com equilíbrio, força, liberdade e leveza. 

Bem-vindas perennials. 

Ana Lea Alves Oliveira Jacob

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A Era do Cansaço

Estamos vivendo um tempo – já faz tempo, aliás, de manifestações muito particulares à respeito do cansaço crônico que assola boa parte da humanidade, despertando o interesse de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento desde a medicina até a filosofia. Certamente a pandemia mundial de COVID-19 tem um papel importante nessa discussão, uma vez que fomos todos de certa forma condenados a situações atípicas que desencadearam, dentre outros sintomas, muito cansaço. Entretanto, a pandemia atual apenas trouxe à baila o que já estava prestes a eclodir. Trata-se de um cenário anterior e multifacetado. 

A tecnologia tem se desenvolvido em larga escala e hoje dispomos de facilidades impensáveis há vinte anos. Confortos múltiplos, comunicação instantânea, informação abundante, muita tecnologia e uma incapacidade desconcertante de desligar e descansar. Estamos aprisionados. Como resultado, podemos pensar no aumento do imediatismo, relações cada vez mais superficiais, dificuldade de tomar decisões sustentáveis e satisfatórias, cobranças infinitas e um aumento expressivo de estados físicos e psicológicos que têm o cansaço em suas origens e/ou como consequências, num ciclo de retroalimentação preocupante.

Vivemos mergulhados na cultura do self made man e suas variantes, expressão esta que foi cunhada por ninguém menos que Benjamin Franklin, considerado o pai do empreendedorismo norte-americano, em sua máxima “Quem tem caráter trabalha, trabalha, trabalha e vence.”  Ocorre que, como toda premissa que se perpetua, a ideia do self made man se ampliou, ganhando novos contornos e permeando boa parte da estrutura social entendida como ideal, tornando-se um dos pilares de conduta social do mundo ocidental, e qualquer situação fora disso é arbitrariamente questionada.

Para alcançar esses padrões, muitas vezes nos convertemos em seres autômatos, com baixa ou nenhuma capacidade de crítica eficiente e quase sempre incapazes de questionar a respeito dos paradigmas tidos como ideais e autoimpostos.

Um dos braços dessa discussão alicerça o modelo de sucesso que nos orienta, um ideal a ser perseguido e alcançado. Temos que ser bem-sucedidos em todas as áreas. Carreira, família, dinheiro, status social, beleza, magreza, juventude, dentre tantos outros. Enfim, nada escapa a esse radar. Para alcançar esses padrões, muitas vezes nos convertemos em seres autômatos, com baixa ou nenhuma capacidade de crítica eficiente e quase sempre incapazes de questionar a respeito dos paradigmas tidos como ideais e autoimpostos.

O acesso à informação nunca foi tão rápido e facilitado. Paradoxalmente, nunca estivemos tão carentes de conhecimento e sabedoria.  O corpo, a saúde e os valores se converteram em meios para alcançar resultados exitosos. Mutilamos nosso corpo, pois precisamos estar belos aos olhos dos outros, uma vez que o olhar individual e singular, que acolhe as diferenças, há muito já não basta. A saúde precisa ser sempre muito bem resolvida. Quando adoecemos, buscamos uma solução rápida e indolor, sem ao menos nos perguntarmos as razões que contribuíram para o adoecimento, desperdiçando uma valiosa oportunidade de crescimento. Sofrimento? Dispomos de uma infinidade de medicamentos que nos anestesiam e induzem estados artificiais de bem-estar, e assim seguimos caminhando, cada vez mais distantes e desconectados de nós mesmos e dos outros.

Os relacionamentos se tornaram líquidos, conforme denunciou o sociólogo polonês Zygmunt Bauman. De acordo com o autor, vivemos num mundo de muitas incertezas, de cada um por si. Os relacionamentos são instáveis, uma vez que as relações humanas estão cada vez mais flexíveis. Nos adaptamos tanto ao mundo virtual e sua agilidade de “desconectar-se”, que as pessoas não conseguem manter um relacionamento de longo prazo. Trata-se de um amor criado pela sociedade atual – na modernidade líquida, para tirar das pessoas a responsabilidade de relacionamentos sérios e duradouros. As pessoas estão sendo tratadas como bens de consumo, ou seja, caso haja defeito descarta-se – ou até mesmo troca-se por “versões mais atualizadas.”  Trocando em miúdos, tiramos e somos tirados da vida das pessoas em apenas um click. Seguindo mutilando a nossa história. Quanta praticidade, não?

Quando adoecemos, buscamos uma solução rápida e indolor, sem ao menos nos perguntarmos as razões que contribuíram para o adoecimento, desperdiçando uma valiosa oportunidade de crescimento. 

Pelo que constatamos tudo se tornou muito acessível, fato que apresenta grandes vantagens, indubitavelmente, desde que nossas ações sejam parcimoniosas e equilibradas, visando o bem-estar individual e coletivo. Contudo, algo não mudou – a nossa condição humana. Apesar da nossa constante evolução, somos seres de natureza e capacidades limitadas. A saúde se deteriora e inevitavelmente vamos morrer, inclusive porque a morte faz parte da vida. O corpo muda com o tempo, as funções se alteram e todos envelhecemos, ainda que em ritmos diferentes. Nossa produtividade não é linear, nem sempre alcançaremos êxito e sucesso em todas as áreas da nossa vida, e tampouco o conseguimos continuamente. Nem todos nascem em conformidade com os voláteis padrões estéticos da época a qual pertencem, tidos como belos e bons, e é crueldade consigo mesmo não aceitar e honrar o corpo que habitamos. Nossas famílias não são e certamente nunca serão perfeitas, uma vez que as famílias são formadas por pessoas, e isso basta.

Apesar da nossa constante evolução, somos seres de natureza e capacidades limitadas.

A busca por melhorias e crescimento por si só tende a ser saudável boa parte das vezes. Afinal, sem uma grande dose de motivação e trabalho árduo, renúncias mil e muita persistência, corre-se o risco de ficar estagnado, o que não parece ideal. O que podemos e devemos avaliar é o preço que pagamos na busca desenfreada e desmedida pela obtenção de sucesso com base no custe o que custar. Quando o custo dessas conquistas é exacerbado, pode comprometer muitos outros aspectos da vida, gerando um grande desequilíbrio. Nesses casos, o ideal de vida precisa ser revisitado, reavaliado e muitas vezes alterado, para então ser acolhido. Nossas escolhas precisam ser encaradas, examinadas sob perspectiva, e a vida posta na balança. Leva tempo, exige coragem e renúncia. 

Somos seres singulares, únicos, com contornos individualizados, de forma que parece incoerente e arbitrário imputar à todos a adequação ao mesmo modelo social. Mas, de fato, quando não aprendemos a desenvolver um pensamento crítico e diferenciado, nos permitimos ser massacrados pela cultura dominante e somos tentados, sem que muitas vezes não tenhamos nenhuma consciência disso, a nos julgarmos, e pior – nos condenarmos por não responder satisfatoriamente a tais padrões, sentindo-nos fracassados e frustrados. 

Talvez essa seja uma das razões para tanto cansaço. Nos encontramos num permanente estado de tentativa de enquadramento em formas que não necessariamente – ou quase nunca, são compatíveis com o nosso modelo. Já não é mais suficiente atendermos as leis e códigos de conduta coletivos, temos também que obedecer ao mandato social de sucesso, ser o self made man  bem-sucedido em tudo o tempo todo. Definitivamente, tanta cobrança cansa, esgota. A busca por alcançar e atender a tantos padrões pode desencadear um estado de profunda desconexão do ser, que não mais suporta existir como um eu desconhecido, alijado de si mesmo, incapaz de se aceitar, se respeitar e se cuidar a partir de lugares internos sólidos e sustentáveis. Caetano Veloso, na música Dom de Iludir, já disse que “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, mas parece que a delícia já não mais nos acompanha e a dor tomou conta de nós, manifesta na forma de ansiedade, vazio existencial, falta de sentido, dentre outras. Incomoda a ideia de que talvez tenhamos desaprendido a importante habilidade de enxergarmos nossas próprias dores e de nos regozijarmos com as nossas delícias particulares. Na busca desenfreada pelo sucesso, o insucesso surge como uma sombra que assombra. Não é de se espantar que o cansaço tenha se tornado crônico e coletivo, assolado por frequentes episódios de agudicidade. Uma das possibilidades extremamente válidas que possibilitam a quebra – ainda que parcial, desse círculo vicioso e aprisionador aponta para o autoconhecimento, que é a estrada para a autoaceitação consciente, não mágica nem fantástica, a serviço do eu, da liberdade de ser quem se é, da plenitude possível à condição humana, que não tem a pretensão, e tampouco nenhum compromisso em atender às imposições sombrias e muitas vezes perversas do mandato do self made man.

Nossas escolhas precisam ser encaradas, examinadas sob perspectiva, e a vida posta na balança. Leva tempo, exige coragem e renúncia.

Precisamos dialogar com o cansaço, convidá-lo para tomar uma bebida quente – ou gelada, ouvi-lo, deixar sair. O cansaço é, de fato, um sintoma de época, coletivo. Assim como na época de Sigmund Freud, o pai da psicanálise, irromperam as histerias e neuroses à serviço das necessidades e dores coletivas daquele tempo e que só depois de ouvidas e acolhidas puderam ser relativizadas, urge olhar a serviço do que estamos tão cansados. Vale lembrar, sobretudo, que a coletividade é formada pelo conjunto de indivíduos, e isso por si só já diz tudo. Não se entende as demandas coletivas sem olhar para as necessidades individuais. Não se atende o coletivo sem respeitar a singularidade.

“Aqueles que não aprendem nada sobre os fatos desagradáveis de suas vidas forçam a consciência cósmica que os reproduza tantas vezes quanto seja necessário, para aprender o que ensina o drama do que aconteceu. O que negas te submete. O que aceitas te transforma”. 

Carl G. Jung

Dialogar com o cansaço. Ele pode ser um ótimo mestre. Essa é a ideia e o chamado. Como parece?

Bibliografia

HOPCKE, Robert H. – Guia para obra completa de Jung – 3ª ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.

HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2015.

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Nomofobia

Vivemos em rede. Somos, querendo ou não, entes conectantes vivendo interconectados. A tecnologia invadiu o nosso cotidiano de forma avassaladora. Muitas das nossas ações cotidianas são mediadas pelas TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação, fato que pode trazer inúmeros benefícios, quando bem administrado.

A simples ideia de ficar desconectado pode desencadear uma verdadeira comoção de proporções muitas vezes comprometedoras.

Cada época desenvolve características próprias, sendo marcada por suas glórias e mazelas. Temos acesso a uma enorme quantidade de produtos e serviços digitais – inclusive muitas relações interpessoais, de forma que é esperado um aumento significativo do lugar de importância que a internet passou a ocupar na vida contemporânea. O lado perverso de toda essa facilidade é a enorme capacidade de causar sérios prejuízos à saúde física e psíquica que o uso indiscriminado da internet pode desencadear, sem falar nos prejuízos de ordem social e coletiva.

Dentre esses possíveis comprometimentos encontra-se a nomofobia, que é a fobia desencadeada pelo desconforto ou angústia resultante da incapacidade de acesso à comunicação através de aparelhos celulares, tablets ou computadores de modo geral. A simples ideia de ficar desconectado pode desencadear uma verdadeira comoção de proporções muitas vezes comprometedoras.

O termo é originário da Inglaterra, e deriva da expressão no-mobile, que significa sem celular, acrescido do sufixo fobos, palavra grega que simboliza medo ou fobia. Essa junção cunhou a palavra nomofobia, também conhecida como dependência digital, condição que gera impactos negativos à saúde do indivíduo, com implicações físicas, psicológicas e sociais.

De acordo com estudiosos do tema, os portadores da nomofobia tendem a apresentar paralelamente alguma outra condição de saúde associada, como transtornos de ansiedade, pânico, transtorno obsessivo-compulsivo ou agorafobia, dentre outros, que atuam como base ou facilitadores para o surgimento da dependência digital. Se identificado algum outro transtorno, pode ser necessária a implementação de terapia medicamentosa, sempre prescrita por um profissional habilitado, no caso o médico especialista – psiquiatra.

Quando as interações com o mundo virtual ameaçam a habilidade ou o interesse da permanência no mundo real, deve ser avaliada a possibilidade da existência de dependência, que se não identificada e tratada adequadamente, tende a ocasionar inúmeras perdas, inclusive a ausência de controle da própria vida.

Os prejuízos que a nomofobia pode acarretar são inúmeros. Ansiedade, angústia, taquicardia, sudorese intensa, depressão, isolamento social, inabilidade nas relações interpessoais, problemas de postura, insônia, agitação psicomotora e transtornos da visão, dentre muitos outros, são os mais facilmente identificados. Contudo, o uso contínuo das tecnologias da informação por si só não caracteriza dependência. O contexto deve ser avaliado. Na atualidade, em decorrência das inúmeras restrições impostas à população mundial em razão da pandemia de COVID-19, a tecnologia assumiu um protagonismo inevitável, mas certamente perigoso. 

A dependência digital se caracteriza pelo uso excessivo e lesivo da tecnologia, acarretando perdas diversas para a pessoa acometida. Quando as interações com o mundo virtual ameaçam a habilidade ou o interesse da permanência no mundo real, deve ser avaliada a possibilidade da existência de dependência, que se não identificada e tratada adequadamente, tende a ocasionar inúmeras perdas, inclusive a ausência de controle da própria vida.

Outro fator preocupante é o crescimento da dependência digital entre crianças e adolescentes. A nomofobia tem assolado pessoas de todas as idades, de diferentes contextos socioeconômicos e culturais. Identificar tal condição nem sempre é simples, uma vez que a vida moderna é mediada pela presença digital e essa não é uma escolha. Não há formas viáveis de subsistência completamente à margem do uso de tecnologias, ainda que indiretamente. O simples ato de sacar dinheiro da conta bancária passa pela interação com o mundo digital. Adicionalmente, é quase sempre desconfortável se perceber dependente de qualquer situação, e a tendência maior é a negação, com justificativas racionais de que a situação está sob controle, e que é possível regular o ritmo da interação digital a qualquer instante. É comum que a constatação da condição se dê através da observação de terceiros, sejam esses parentes ou pessoas próximas.

Quando as interações com o mundo virtual ameaçam a habilidade ou o interesse da permanência no mundo real, deve ser avaliada a possibilidade da existência de dependência, que se não identificada e tratada adequadamente, tende a ocasionar inúmeras perdas, inclusive a ausência de controle da própria vida.

Dentre os fatores de risco para o surgimento da nomofobia estão a baixa autoestima, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, uso excessivo das redes sociais e internet, interação social precária, timidez excessiva, vícios nos sistemas de recompensa das redes sociais como número de views, likes, retuites, curtidas, necessidade constante de compartilhamento de atos rotineiros da vida como uma simples refeição e comportamentos afins. Isso não significa, de modo algum, que pessoas que não apresentem os fatores de risco não possam desenvolvê-la, tampouco que os que têm predisposição irão apresentar essa condição. Os casos devem ser analisados dentro de um contexto mais amplo e de forma individualizada.

Uma forma prática de identificar possíveis sintomas de dependência digital consiste em abster-se, periodicamente, de celulares e computadores por períodos pré-determinados de tempo, como um período do dia ou até mesmo um final de semana completo e observar, de forma sincera, como foi a experiência, se possível registrando num papel as principais emoções detectadas. Os sintomas da dependência digital se manifestam de diferentes formas. Os principais sinais são ansiedade, irritação, sensação de perda de tempo, sentimentos de inutilidade, raiva, frustração, incompletude, apatia, tristeza e dificuldade de se desligar ou se concentrar em outras atividades fora da rede estão entre os mais relatados.

O Brasil é um dos países mais fortemente ligados à internet, de acordo com o Comitê Gestor de Internet no Brasil, sendo as principais atividades dos usuários brasileiros o uso de aplicativos de trocas de mensagens como WhatsApp, Skype ou Snapchat e redes sociais como Instagram e Facebook. De acordo com a pesquisa TIC Domicílios realizada em 2019 pelo Centro Regional para o Desenvolvimento de Estudos sobre a Sociedade da Informação – Cetic.br, vinculado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, três em cada quatro brasileiros acessam a internet regularmente, o que equivale a 134 milhões de pessoas. 

Apesar disso, a nomofobia ainda é timidamente divulgada no Brasil, o que dificulta um pouco a identificação do problema e a procura por tratamento. Países como o Japão, a China e a Coreia do Sul tratam a dependência digital como questão de saúde pública, onde foram criados vários centros de tratamento especializado. A Universidade Federal do Rio de Janeiro mantém um centro especializado para a detecção e tratamento da dependência digital, o Delete, que oferece tratamento multidisciplinar para o enfrentamento da patologia. Caso perceba, em você ou em alguém próximo, indicativos dessa condição, não hesite em buscar orientação profissional na sua cidade. Quanto mais cedo a detecção e a intervenção, maior o êxito do tratamento. A prática de exercícios físicos, a diminuição gradual do uso da internet e a implementação de outras formas de lazer podem ser muito úteis. Também a psicoterapia tem se mostrado extremamente eficaz para auxiliar nesse processo, podendo proporcionar mudanças qualitativas com resultados gratificantes. Nenhum algoritmo é capaz de substituir satisfatoriamente a interação humana de qualidade.

Bibliografia

Agencia Brasil. Brasil tem 134 milhões de usuários de internet. Publicado em 26/05/2020 – 16:59 Por Jonas Valente – Repórter Agência Brasil – Brasília
Atualizado em 26/05/2020 – 20:47. Disponível em http//www.agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-5/brasil-tem-mais-de-123-milhoes-de-usuarios-de-internet-aponta-pesquisa  Acesso em 10 de novembro de 2020.

Meio Bit – Ciência – Delete — Instituto brasileiro combate abuso e dependência de tecnologias digitais.  Ronaldo Gogoni. Disponível em https://www1.tecnoblog.net/meiobit/2017/brasil-instituto-delete-fundacao-trata-dependencia-digital-smartphones-games-internet-redes-sociais/. Acesso em 30 de dezembro de 2020.

Adolescentes e dependência digital – EPC – Escola Presbiteriana de Cuiabá (epcba.com.br). Disponível em https://epcba.com.br/adolescentes-e-dependencia-digital/. Acesso em 30 de dezembro de 2020.

O que é nomofobia? Entenda sobre a síndrome da dependência digital. Disponível em https://blog.psicologiaviva.com.br/. Acesso em 30 de dezembro de 2020.